Dentre as muitas consequências para a economia mundial, a pandemia da COVID-19 afetou fortemente a logística dos países. Devido as restrições necessárias de isolamento, setores produtivos afetados e a lenta retomada comercial da maioria dos países, as consequências podem se extender para além de 2022. Atualmente, uma das principais preocupações é o desequilibrio na distribuição de contêineres nos portos pelo mundo, responsáveis por cerca de 80% do transporte logístico.

Impactos da falta de contêineres

O primeiro efeito perceptível é o aumento do frete e custos de importação e exportação, valores exorbitantes devido a demanda maior que a oferta. Desde o ano de 2020 vimos uma queda brusca na produção ao redor do mundo e transportes parados por medidas de contensão da transmissão do vírus. Com o início da vacinação e retorno da confiança do mercado, alguns navios voltaram a navegar, porém não foi suficiente. Não há, ainda, 100% da frota transitando pelos portos, muitos países enfrentam novas variantes do vírus isso reflete o momento inédito da logística mundial.

O Brasil é um dos maiores exportadores de carne para o mundo, só em 2020 foram 2,016 milhões de toneladas indo até a China, EUA, Egito e outros. Com a crise dos contêineres, 40% das carnes suína e frango estão paradas em portos brasileiros. Segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) em entrevista ao Globo Rural, as quebras nas rotas marítimas refletem nesses produtos aguardando embarcar para o exterior. Para a Ásia, por exemplo, são mais de 80 dias de viagem, fora 25 dias com o navio parado aguardando autorização para desembarcar. Como os portos são pontos críticos para a entrada de pessoas infectadas, as medidas de restrição impactam na circulação de muitos trabalhadores. Recentemente um dos principais portos chineses paralizou as operações por conta de novos casos da COVID-19 em funcionários.

Essa crise já preocupa também pela falta de abastecimento para o período da Black Friday e Natal. Como a Ásia é uma das principais fontes de eletrônicos, roupas, brinquedos e demais presentes para as festividades, a falta de abastecimento pode deixar o Papai Noel sem opções. Mesmo que os consumidores desembolsem valores mais altos para as compras, a oferta de produtos não vai ser alta. Para os lojistas, a alternativa é se programar para compensar produtos que venham de muito longe com ofertas de bom custo x benefício. Para os consumidores, provavelmente, os grandes descontos ficarão para depois. Com estoques mais enxutos, as lojas não terão margem para grandes promoções.

O Preço dos contêineres

Esse é, sem dúvida, um dos assuntos mais críticos para a nossa área. Segundo o Freightos Data, site que acompanha custos de fretes marítimos, os valores estão quase 5 vezes mais altos. Se compararmos Outubro/20 e Outubro/21 temos um aumento de mais de 400%. O valor foi de $2,250 para $10,517.

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